“IMPRIMINDO” A EXPERIÊNCIA TAOÍSTA
Em 1960-63, nós, pesquisadores sobre drogas, em Harvard entendemos que não sabíamos o suficiente sobre a enorme gama de reações ativadas pelas drogas que mudam o cérebro. Mesmo depois de centenas de viagens, nossos pilotos de teste veteranos reportaram maravilhosas novas dimensões de galáxias adentro. Por essa razão nós decidimos adiar nosso mapeamento navegacional. Toda semana, novas evidências mudavam os mapas. Sentimos-nos como os cartógrafos do século XVI na Europa Ocidental ansiosamente interrogando a tripulação retornando do novo mundo.
O Livro Tibetano dos Vivos, nossa primeira especulação em atualizar os velhos mapas de viagem neurológica, foi tão bem sucedido que nos alarmamos. Milhares de pessoas começaram a usar o jargão Tibetano dos Bardos e, um rumo definido à mania em direção ao Budismo estava se desenvolvendo.
Para desviar essa renascença pré-científica Oriental, nós rapidamente fomos em busca de outro texto, menos paroquial para descrever e guiar os astronautas do cérebro (aka neuronautas). A vantagem do Tao Te Ching era que esse texto Taoista era quase sem-conteúdo. Não existem monges devotos,
cabeças raspadas, chapéus vermelhos, chapéus amarelos, robes laranjas ou níveis específicos de paraíso, purgatório e inferno no Tao Te Ching.
O Tao celebra o fluxo constante da evolução, o fluxo eterno dos processos de energia em constante mutação. O conselho básico do Taoísmo — “Tudo muda de acordo com ciclos regulares e ritmos. Então fique frio, veja o declínio e flutue — e quando as ondas estiverem prontas, surfe-as”.
TAO TE CHING
O Tao Te Ching chinês, algumas vezes traduzido como A forma de Viver, escrito há cerca de 2.600 anos atrás, por um ou muitos filósofos chamados para nós de “velho camarada” — Lao Tsé — vai permanecer infinitamente moderno até que o homem tenha o mesmo tipo de sistema nervoso e lide com a gama de energias que agora encontra.
Tao é mais bem traduzido como “energia”, ou processo de energia — energia em seu estado puro e desestruturado — o “E” da equação de Einstein — e seus estados de estrutura incontáveis e temporários — o “M” da equação de Einstein. O Tao é uma ode à física nuclear, à vida, ao código genético, àquela forma de estrutura de energia transiente que chamamos de “homem”, àquelas formas de energia mais estáticas e sem vida que chamamos de artefatos e símbolos do homem. A mensagem do Tao Te Ching é que tudo é energia, toda energia flui; todas as coisas continuamente se transformam.
Tao Te Ching é divido em 2 livros — o primeiro, compreendendo 37 capítulos, o segundo 44. É uma série de 81 versos que celebram o fluxo de energia, suas manifestações, e, no lado prático, as implicações para os esforços do homem. A maioria dos sutras pragmáticos do Tao foi direcionada a um governante de um estado e seus guias espirituais. Como todos os grandes textos, o Tao foi reescrito e reinterpretado em todos os séculos, os termos para Tao também mudam em cada século. Conselhos dados por filósofos para seus cardeais podem ser aplicados a como conduzir sua casa, seu escritório e também uma experiência psicodélica.
TRADUÇÃO PARA O “PSICODELIQUÊS”
Durante aquele período, escrevi as Orações Psicodélicas do Tao Te Ching — o primeiro livro especificamente designado a reimprimir os cérebros humanos durante os “períodos críticos” de vulnerabilidade neural. Por sinal, esse é o segundo livro explicitamente designado como um manual de lavagem cerebral. O intuito insidioso desse Dr. Frankenstein era o de preparar os jovens que tomavam grandes doses de LSD a absorver uma nova visão da realidade baseada em uma ciência pós-einsteiniana e pós-DNA.
Pelos anos que milhares de jovens com doutorados entraram em suas carreiras na ciência, eles tiveram seus cérebros direcionados a esse livro de hinos, odes e cânticos ao átomo, à espiral do DNA, e ao cérebro. O livro Orações Psicodélicas foi reimpresso mais de 20 vezes e provavelmente arqueou mais de 200.000 jovens cérebros.
Essas traduções do inglês ao “psicodeliquês” foram feitas enquanto sentados sobre uma árvore de bambu em um aclive gramado das montanhas de Kumaon olhando por cima os cumes de neve do Himalaia. Eu tinha 9 traduções do Tao. Eu selecionava um capítulo do Tao e o lia e relia em todas as 9 versões. Cada mente ocidental, é claro, fez sua própria interpretação do fluxo caligráfico. Mas após horas de releitura e meditação, a essência do poema murmuraria. Lentamente uma versão psicodélica do capítulo emergiria.
O primeiro anteprojeto seria então colocado no microscópio psicodélico. Por muitos anos eu demandei a busca pela yoga em sessões de LSD semanalmente. E em cada momento que nosso cozinheiro maometano andava pela vila, ele trazia um pedaço de “attar” do tamanho de um lápis de cera, ou essência da resina da planta da maconha, algumas vezes chamado de haxixe. O LSD abriu as lentes da consciência celular e molecular. O “attar” purificou as janelas dos sentidos. Durante essas sessões, eu lia grande parte do rascunho recente dos poemas do Tao. Uma modesta experiência para esse poeta — ter minhas palavras expostas à exaltação psicodélica sem piedade.