26 de out. de 2011

Estigmas de grupos ayahuasqueiros

Sandra Lucia Goulart

Pretendo abordar o caso de grupos religiosos fundamentados no consumo ritual do chá psicoativo conhecido pelos nomes de Daime, Vegetal, Hoasca, Ayahuasca1, entre outros.

Seguindo uma abordagem histórica, mostro que, numa primeira fase, esses cultos eram acusados por diferentes setores da sociedade brasileira de práticas de “macumba”, “feitiçaria” e “curandeirismo”. Argumento que, atualmente, os estigmas sofridos pelas religiões designadas geralmente de ayahuasqueiras se transformaram. O uso do chá e as práticas rituais ligadas a ele passam a ser estigmatizados na medida em que são associados ao consumo de drogas. Em ambos os períodos, entretanto, estamos diante de grupos religiosos sob os quais paira a ameaça

constante da ilegalidade.

É o uso de um chá psicoativo – que recebe, como coloquei acima, denominações

diversas, tais como ayahuasca, Daime e Vegetal – o elemento central de diferentes cultos religiosos surgidos na Amazônia brasileira a partir, principalmente, da década de 1930. Num determinado momento da história desses grupos, eles passam a ser identificados pela expressão religiões da ayahuasca ou ayahuasqueiras, sobretudo no âmbito externo desse universo religioso – na mídia, entre os estudiosos do tema, na sociedade em geral. Por isso, aqui, opto também por utilizar essa designação, em especial quando o objetivo for tocar em questões relativas ao conjunto desses grupos, como os modos pelos quais eles são percebidos e classificados por “outros”, isto é, sua imagem social – tema, aliás, destacado neste artigo. Contudo, conforme veremos, cada um desses grupos religiosos possui, igualmente, suas denominações particulares.

Cronologicamente, a primeira religião ayahuasqueira brasileira é aquela que ficou

conhecida como Santo Daime, criada por Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu, no início dos anos trinta, em Rio Branco, Acre. O termo Daime, que serve de nome tanto ao culto quanto a bebida aí utilizada, segundo estes religiosos, relaciona-se às invocações feitas ao ser espiritual que habita o chá. Assim, “Dai-me” é um pedido feito por quem consome o chá ao próprio chá: “dai-me saúde, dai-me amor, dai-me luz”, etc.2 Em 1945, surge outra religião ayahuasqueira, também em Rio Branco, criada por Daniel Pereira de Mattos, o Mestre Daniel. Inicialmente, o culto do Mestre Daniel era conhecido em Rio Branco como “Capelinha de São Francisco”, nome dado a humilde construção de taipa, situada numa região rural, onde ele começou a realizar “trabalhos espirituais” usando o chá. Mais tarde, porém, os grupos que têm sua origem ligada ao culto fundado pelo Mestre Daniel vão todos ficar conhecidos e se auto-identificarem

pela designação Barquinha. Como no caso de Daime, há diferentes explicações para o termo Barquinha. Em certo sentido, ele parece estar associado a um dos ofícios exercidos pelo fundador do culto que, antes de chegar ao Acre, foi piloto fluvial. Além disso, e talvez também devido a isso, imagens e significados ligados ao mar e aos marinheiros recebem destaque nesta religião ayahuasqueira. Assim, as roupas usadas nos rituais (chamadas de “fardas”) lembram as vestimentas dos marinheiros, muitas das músicas entoadas (os hinos) falam, constantemente, de uma “barca”, de navegação e do mar. Segundo Araújo, autor do primeiro estudo acadêmico sobre este grupo religioso, Barquinha vêm de “barca”, e associa-se à missão dos seguidores de

Mestre Daniel, enquanto o mar, nesta religião, é associado ao próprio chá, que aqui também recebe o nome de Daime (Araújo, 1999, p. 75-84).

O Mestre Daniel freqüentou o culto do Santo Daime fundado pelo Mestre Irineu por

cerca de dez anos. Foi aí que ele conheceu o chá do Santo Daime. Os dois líderes religiosos eram amigos, conterrâneos, ambos nascidos no Maranhão.3 Com o passar do tempo, no entanto, as experiências com o chá conduzem o Mestre Daniel à revelação de que ele possuía uma outra “missão religiosa”, que apenas se realizaria plenamente com a criação de um novo culto da ayahuasca (Araújo, 1999; Goulart, 2004a). Este foi sendo organizado gradualmente, no início na própria residência de Daniel, no bairro de Vila Ivonete, mesmo local onde o Mestre Irineu começou a organizar seu culto. Daniel passou a residir aí por volta de 1945, quando o Mestre

Irineu e os fiéis do Santo Daime já tinham se transferido para outra região de Rio Branco, o bairro, também rural, de Custódio Freire. Foi, então, na Vila Ivonete – uma região de mata, de antigos seringais já desativados – que o Mestre Daniel ergueu sua igrejinha de palha, a “Capelinha de São Francisco”. Ao que parece, o uso do Daime foi sendo introduzido aos poucos.

Conta-se que, inicialmente, o Mestre Daniel era conhecido na região como um “rezador”, procurado para tirar “quebranto” de crianças, “panema”4 de caçadores, enfim, para ajudar a resolver alguns tipos de infortúnios de viajantes, de seringueiros etc. que passavam por aquela região de mata onde ele construiu sua capelinha. Algumas dessas pessoas se tornaram os primeiros adeptos do seu culto. “O pessoal foi dizendo que em tal parte tinha um velhinho, assim preto, que rezava muito bem [...] assim foi aprovado o serviço dele, e assim ele curou muita gente”, como conta Antonio Geraldo, já falecido, e que foi uma das principais lideranças desta religião (Figueiredo et al, 1996, p. 36). Com o tempo, o Mestre Daniel aliou o consumo do Daime às suas rezas e benzeções. Os ritos foram, também, se tornando mais complexos.

Como no caso do culto daimista, eles passaram a envolver o canto de hinos. Da mesma forma como se deu com o Mestre Irineu, Mestre Daniel recebia seus hinos num processo de revelação mística estimulado pelo consumo do Daime.5

Uma das características marcantes do culto ayahuasqueiro criado pelo Mestre Daniel é sua aproximação evidente de práticas e crenças de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda.

Muitas entidades cultuadas em grupos da Barquinha provêm do panteão umbandista, como pretos-velhos, caboclos, encantos do mar, sereias, príncipes, e orixás como Oxum, Iemanjá, Xangô, que pertencem tanto a alguns tipos de Umbanda quanto ao Candomblé. Também como em religiões afro-brasileiras, na Barquinha estes seres expressam sua presença através de uma manifestação mediúnica, que pode se dar inclusive por meio de um tipo de transe de possessão.

Em alguns rituais, ocorre uma dança (chamada de bailado6 ou brincadeira) muito similar à “gira” de cultos afro-brasileiros.

Esta adoção explícita de práticas de religiões afro-brasileiras, na Barquinha, é uma

diferença significativa entre este culto ayahuasqueiro e o Santo Daime do Mestre Irineu. Embora alguns dos hinos que estruturam a dinâmica dos rituais do Santo Daime citem seres que são cultuados em religiões afro-brasileiras, não podemos dizer que existe propriamente um culto sistemático para esse tipo de entidade na religião fundada pelo Mestre Irineu. Assim, não se organizou um conjunto de regras ou preceitos que definam suas relações com os fiéis; também o calendário ritual daimista não abrange, como no caso da Barquinha, várias datas que celebram divindades afro-brasileiras. Na verdade, mesmo as entidades afro-brasileiras mencionadas nos hinos do fundador do Santo Daime são em pouco número, principalmente se comparadas com as menções freqüentes a divindades cristãs (como Jesus e a Virgem Mãe).

Entretanto, talvez umas das maiores distinções entre o culto fundado pelo Mestre Irineu e os cultos afro-brasileiros seja o tipo de êxtase desenvolvido no primeiro, que se opõe bastante aos transes extáticos que caracterizam religiões como a Umbanda ou o Candomblé e cultos influenciados por elas, como a Barquinha. Nos rituais da religião criada pelo Mestre Irineu o tipo de transe7 que prevalece não envolve a possessão, pelos fiéis, de seres espirituais. A dança –“bailado”– que marca a maioria dos rituais daimistas está muito distante das “giras” de Umbanda, com seu rodopiar, que apesar de padronizado, dá margem para bastante liberdade corporal. Ao contrário, o bailado daimista implica na fixação dos participantes em determinados lugares e posições do início ao fim, permitindo apenas pequenos movimentos, isto é, dois passos para a direita e dois para a esquerda, sem que se saia do lugar. Recomenda-se que o fiel se concentre no seu lugar, e não invada a posição dos outros participantes que também bailam ao seu lado.8 A concentração nos movimentos e a disciplina corporal se associam, na ótica destes religiosos, a uma concentração e disciplina do espírito e da mente. Com freqüência, enfatiza-se a idéia de que a atenção para com o bailado, a disciplina dos movimentos dos participantes é importante para que a “matéria” não seja invadida por “forças inferiores” ou para que o “espírito” do fiel não se perca. É verdade que alguns dos novos grupos que se autodefinem como daimistas, surgidos após o falecimento do Mestre Irineu, também se aproximam do universo religioso afro-brasileiro. É o caso do Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra (CEFLURIS ), fundado em 1975, em Rio Branco, por Sebastião Mota de Melo, o padrinho Sebastião. Porém, primeiro, é importante salientar que esta característica do CEFLURIS é um dos elementos que o tornam um dos grupos mais peculiares do que se convencionou chamar de linha do Santo Daime e, por isso, faz com que ele seja alvo freqüente de críticas e acusações da parte de outros grupos que igualmente se identificam com a tradição religiosa fundada pelo Mestre Irineu. Em segundo lugar, se o CEFLURIS adota crenças de religiões afro-brasileiras em seus rituais, ele não o faz do mesmo modo e pelos mesmos caminhos que o culto da Barquinha.

Em 1961, surge a União do Vegetal ou UDV, como também é conhecida,9 que é, em

termos históricos, a terceira religião ayahuasqueira do Brasil. Ela foi fundada por José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel. De certo modo, pode-se dizer que a UDV teve um desenvolvimento mais autônomo, isto é, que não envolveu contatos, no seu momento de formação, com as duas outras religiões ayahuasqueiras. Enquanto Santo Daime e Barquinha surgiram, ambos, em Rio Branco, e no mesmo bairro, a União do Vegetal surgiu em Porto Velho, Rondônia. Conforme vimos, também, o fundador da Barquinha se iniciou no uso do Daime com o Mestre Irineu. Já o Mestre Gabriel, fundador da UDV, conheceu o chá por outros caminhos. Aliás, apesar de existirem algumas poucas afirmações sobre o fundador da UDV ter conhecido o Mestre Irineu, a maior parte dos dados e registros que colhi em minhas pesquisas não é suficiente para provar que isso de fato tenha ocorrido. Além disso, os fundadores do Santo Daime e Barquinha chegaram ao Acre ainda no princípio do século XX, e o período de formação de seus respectivos cultos é muito próximo (década de trinta e quarenta). Por sua vez, o fundador da UDV, que era natural do estado da Bahia, só chega a Rondônia por volta de 1943, e começa a organizar a nova religião ayahuasqueira no princípio dos anos sessenta.

As diferenças entre a União do Vegetal e o Santo Daime e a Barquinha não se dão apenas nos processos históricos de sua formação. Há, igualmente, várias distinções marcantes entre as formas rituais, os preceitos doutrinários, ou os elementos míticos expressos no culto da UDV e os dos cultos do Santo Daime e da Barquinha. Em primeiro lugar, vale notar que se nas duas primeiras religiões ayahuasqueiras o chá recebe, igualmente, o nome de Daime, na UDV ele é designado de Vegetal. Em termos de formas rituais assumidas nos respectivos cultos, chama a atenção o fato de que na Barquinha e no Santo Daime a dança (o bailado) é um aspecto extremamente destacado, de fundamental importância para a expressão dos princípios doutrinários e da mitologia. Já na UDV, ela é totalmente excluída das cerimônias rituais. Nestas,

depois do Vegetal ser servido para todos os participantes, os presentes sentam-se e assim devem permanecer até o final da “sessão” (que dura cerca de quatro horas) – termo utilizado para denominar os rituais da UDV. No Santo Daime, a palavra falada, durante a maioria dos rituais, é evitada. Já na Barquinha, são mais freqüentes discursos ou palestras feitos pelos dirigentes ou, então, pelas entidades (os “guias”) que incorporam nos médiuns. Porém, é na União do Vegetal que a palavra falada possui, de fato, um papel relevante na organização da estrutura e da dinâmica ritual. Assim, no decorrer das sessões de Vegetal, todos os participantes podem e devem realizar questões para os Mestres que dirigem a cerimônia. Esse conjunto de perguntas e respostas, ao lado da leitura de uma série de documentos oficiais da UDV (estatutos, boletins, resoluções da direção geral do culto, etc.), e também do entoar das “chamadas” (espécies de canções moduladas apenas pela voz de um único participante que canta), formam o conteúdo principal dos rituais da UDV.

Em minha tese de doutorado (Goulart, 2004a) argumentei que estas distinções entre as três principais religiões ayahuasqueiras brasileiras expressavam desenvolvimentos particulares de um mesmo conjunto de crenças e práticas, isto é, de uma tradição que é comum a estas diferentes religiões, na qual todas elas bebem. Assim, nos três cultos verificamos a presença de temas típicos do universo cultural amazônico, diretamente ligados ou não ao contexto cabocloindígena de uso da ayahuasca. Outro denominador comum às religiões do Santo Daime, Barquinha e UDV são os elementos do catolicismo popular, principalmente aqueles relacionados a uma cultura nordestina e que entraram em confluência com tradições amazônicas - salientando-se, aqui, o fato de que os fundadores das três religiões eram nordestinos que migraram para a Amazônia. Também um conjunto de características comuns às três religiões, é o que se refere aos cultos afro-brasileiros.

Contudo, como afirmei, esta tradição comum tem desdobramentos diferentes no Santo Daime, na Barquinha e na UDV. Os elementos do catolicismo popular, por exemplo, podem aparecer bem destacados em uma religião ayahuasqueira, enquanto em outras eles são atenuados por uma maior evidência de crenças da pajelança amazônica ou de cultos afrobrasileiros.

É possível, ainda, que eles se manifestem de forma clara nos ritos principais de uma dessas religiões, e que em outras surjam de forma sutil na mitologia. Do mesmo modo,

os temas amazônicos assumem formas variadas nos respectivos cultos ayahuasqueiros, podendo se expressar através de regras rituais, temas míticos, princípios doutrinários, entre outras coisas. Enfim, crenças e práticas diversas dessa tradição comum – do catolicismo popular, do universo amazônico e de cultos afro-brasileiros – podem ser temas principais em algumas destas religiões e, em outras, podem constituir os seus limites, isto é, os marcos de suas fronteiras, que definem o que elas não são ou não desejam ser.

Em todas essas religiões, o falecimento de seus fundadores estimula um processo de rupturas e formação de novos grupos. Assim, após a morte do Mestre Irineu, em 1971, tem início uma disputa por sua sucessão, que leva ao aparecimento de segmentações no grupo originalmente criado por ele. A maior delas, em termos de números de adeptos envolvidos e, também, a mais expressiva, no que se refere tanto às polêmicas envolvidas no conflito quanto às suas conseqüências, foi aquela representada pelo grupo daimista do CEFLURIS, do padrinho Sebastião. Entretanto, ocorreram outras, surgindo vários grupos, em Rio Branco, que se identificavam com a tradição do Santo Daime inaugurada pelo Mestre Irineu. O fundador da Barquinha morreu em 1958 e, aos poucos, começaram a surgir, igualmente, diferentes grupos que se colocam como seguidores do culto criado pelo Mestre Daniel. O Mestre Gabriel, fundador da UDV, faleceu no mesmo ano que o Mestre Irineu, em 1971. Há, na UDV, uma organização hierárquica rígida que parece ter o efeito de controlar, mais do que nos grupos do Santo Daime e da Barquinha, esse processo de fragmentação. Porém, ele não deixa de ocorrer. Deste modo, na UDV também presenciamos a criação constante de novos grupos que disputam entre si a posição de legítimos herdeiros da religião fundada pelo Mestre Gabriel.

Portanto, parece ocorrer, neste campo religioso, um movimento de expansão impulsionado por um processo de cisões freqüente. Contudo, dentre esses grupos, há alguns que são mais expansionistas e, outros, que se caracterizam por uma espécie de regionalismo. O CEFLURIS e a União do Vegetal são grupos expansionistas, com a criação constante de centros e núcleos em várias partes do Brasil e do exterior. Eles são também os cultos ayahuasqueiros que possuem o maior número de fiéis.10 Já a Barquinha e outros grupos daimistas surgidos após o falecimento do Mestre Irineu11 não contam com um processo de expansão significativo. Além de possuírem poucos centros ou igrejas fora da região amazônica, não expressam um projeto ou desejo de difusão. Ao contrário, em geral, seus líderes e adeptos se posicionam contra a expansão manifestada por outros grupos ayahuasqueiros. Por fim, se UDV e CEFLURIS são ambos expansionistas, por outro lado, conduzem seu processo de crescimento de modo diverso.

2 de ago. de 2011

Visitando a Noosfera


O conceito de noosfera foi inicialmente proposto no ano de 1885 por Vladimir Ivanovich Vernadsky, um mineralogista e geoquímico russo-ucraniano. Segundo Edgard Morin (1988), a palavra noosfera é de origem grega e representa “círculo psíquico”; do grego noos = mente (alma, espírito, pensamento, consciência) e sphera (corpo limitado por uma superfície redonda). Ela representa justamente a camada do pensamento, idéias e crenças humanas, construída a partir dos milênios da existência do Homo sapiens e que se estabeleceu em conjunto com a geosfera e a biosfera.

Na década de 1920, o filósofo jesuíta e paleontólogo francês Pierre Theilard de Chardin reformulou esse conceito, ampliando alguns detalhes dessa perspectiva. Segundo ele, além da atmosfera, geosfera e biosfera, existe também a noosfera, ou seja, a morada dos deuses, mitos e idéias, formada a partir de produtos culturais, pelo espírito, linguagens, teorias, doutrinas e conhecimentos elaborados pela raça humana (THEILARD DE CHARDIN, 1955).

Diante dessa perspectiva podemos considerar que as culturas estão nos espíritos, assim como os espíritos estão nas culturas. “As sociedades só existem e as culturas só se formam, conservam, transmitem e desenvolvem através das interações cerebraisespirituais entre os indivíduos” (MORIN, 1988, p. 23).

“Alimentamos” a noosfera quando pensamos e nos comunicamos. Mas não podemos esquecer que a noosfera também “nos alimenta”, a partir dos mitos, idéias e pensamentos promovidos pelos diversos sistemas simbólicos e culturais. Esses elementos, na verdade, podem ser considerados extensões do Homo sapiens, que retroagem conosco, porém muitas vezes não são percebidos como tais, pois o homem atual encontra-se fragmentado e alheio à sua situação no mundo e no cosmo. Apesar da aparente distinção feita entre o material e o espiritual, as duas porções são, ao mesmo tempo, co-produtoras recíprocas uma da outra. Não podem ser reduzidas uma a outra por serem distintas e não podem ser separadas por serem co-produtoras, estabelecendo-se uma relação complexa e criativa (MORIN, 1998, pp. 145-146).

Alguns autores, entre eles, Edgard Morin (1998) e Karl Popper (1977), referem-se à noosfera como o terceiro mundo. As coisas (mitos, espíritos e símbolos) que habitam essa esfera do pensamento, têm vida e vontade própria. Elas ajudam a construir os humanos que as constroem, pois são dotadas por um magnífico dinamismo coprodutor.

É possível aceitar a realidade (caso possa chamá-la assim) a

autonomia do terceiro mundo e, ao mesmo tempo, admitir que o

terceiro mundo nasce como um produto da atividade humana

(POPPER apud MORIN, 1998, p. 159).

O homem completo, consciente do seu devir, age e se deixa interagir por essas estruturas do pensamento que emergem naturalmente ao longo de sua vida. Um dos exemplos desse homem, não fragmentado na contemporaneidade, seria o oaskeiro, que mesmo vivendo o momento atual das fragmentações, consegue unir as partes dispersas no mundo, a partir do contato direto com essa dinâmica camada do pensamento. Seus mitos e ritos mantêm, ampliam e “alimentam” o astral (noosfera) assim como o astral conduz as suas vidas cotidianas fazendo-os repensar atos, gestos e antigos conceitos. Os dois níveis da existência encontram-se interligados e reorganizados numa lógica para além das bases reducionistas.

Essa esfera é como um meio, no sentido mediador do termo,

interposto entre nós e o mundo exterior para fazer-nos comunicar com

este. É o meio condutor do conhecimento humano (...) As culturas

humanas produziram símbolos, idéias, mitos, que se tornaram

indispensáveis às nossas vidas sociais. Os símbolos, idéias e mitos,

criaram um universo onde os nossos espíritos habitam (MORIN, 1998,

p. 146).

Mas como essas extensões humanas, que ficam nos âmbitos restritos da noosfera, podem extrapolar tais domínios astrais e atuar no cotidiano do oaskeiro, quando o mesmo se encontra longe do Salão do Vegetal? É plausível o argumento de que tal fenômeno pode ser influenciado pela ação direta de alguns símbolos emergentes durante a experiência religiosa. No caso dos sistemas udevistas tais símbolos estão presentes nas chamadas, histórias e situações de pêia, além das mensagens e visões do mundo espiritual, presenciadas durante os rituais.

A atividade inconsciente do homem moderno não cessa de lhe

apresentar inúmeros símbolos, e cada um tem uma certa mensagem a

transmitir, uma certa missão a desempenhar, tendo em vista assegurar

o equilíbrio da psique ou restabelecê-lo (...) O símbolo não somente

torna o Mundo “aberto”, mas também ajuda o homem religioso a

alcançar o universal. Pois é graças aos símbolos que o homem sai de

sua situação particular e se “abre” para o geral e o universal. Os

símbolos despertam a experiência individual e transmudam-na em ato

espiritual, em compreensão metafísica do Mundo (ELIADE, 1992, pp.

111-112).

O antropólogo lingüista Edward Sapir (1934) analisa os símbolos criados pelos seres humanos, acoplando-os em duas grandes categorias; símbolos referenciais e símbolos de condensação. A primeira categoria é composta por aqueles símbolos que já possuem um significado comum à sociedade, de forma que sua atuação direciona a funcionalidade da mesma. Os símbolos de condensação estariam ligados à emoção e aos demais aspectos desconhecidos do inconsciente. Assim sendo, esses símbolos manifestam-se sob a forma de metáforas, durante a dinâmica ritual.

Apesar desse dualismo entre as categorias propostas por Sapir, nada impede que um símbolo seja ao mesmo tempo referencial e ou condensado, pois um mesmo símbolo que conduz o funcionamento da sociedade (referencial) pode despertar sentimentos inconscientes nos participantes de um ritual transformando-se, dessa forma, num elemento simbólico de condensação. O oposto também pode acontecer, quando um símbolo condensado torna-se referencial*. Para o nosso caso específico, interessa o momento em que Sapir afirma que:

Enquanto símbolos referenciais crescem com uma elaboração formal

consciente, os símbolos condensados alcançam raízes profundas do

inconsciente e suas qualidades emocionais se difundem em

comportamentos distantes do curso aparente das significações (SAPIR

apud TURNER, 1974, p. 87).

É quando o oaskeiro, por algum motivo, acessa esses conteúdos metafóricos e emocionais que imediatamente os remete ao seu lugar de poder. Mesmo longe do Salão do Vegetal, ele não se esquece da sua caminhada espiritual, pois tais elementos simbólicos afloram em seu inconsciente, a necessidade de mudança para o alcance da conduta exigida. Isso faz com que atos, gestos e palavras sejam repensados e reformulados cotidianamente. É o que os oaskeiros denominam de “eterna ligação” com o trabalho espiritual. Quando, por exemplo, as chamadas vêm “à cabeça” durante a semana num momento de agonia ou quando sente os enjôos e náuseas da pêia ao fazer algo fora dos ensinamentos, no seu dia-a-dia, o “aluno” relembra que tem um caminho de luz a seguir.

O que desencadeia a ação desses símbolos de condensação permanece um mistério. A emergência de tais conteúdos promove uma atmosfera de reflexão estimulada por símbolos que atuam para além do seu lugar de origem, longe do Salão do Vegetal. A vida dos oaskeiros se renova durante os estados da burracheira que os fazem refletir sobre sua condição de ser humano no mundo. Eles voltam do plano astral trazendo consigo os ensinamentos e a responsabilidade dessas informações obtidas durante os encantos. O “aluno” é tomado por uma forte necessidade de mudança interior porque sabe que para reformular o mundo em que vive, precisa mudar a si mesmo.

Nota:

*Um exemplo possível dessa dinâmica pode surgir se fizermos uma análise superficial da simbologia de um simples copo. Seguindo essa lógica, um copo seria um símbolo referencial, pois o mesmo nos remete a uma função social universal que é a de beber líquidos. Porém, durante o ritual, esse elemento simbólico mostra-se condensado, pois dentro do copo está um líquido sagrado que está prestes a ser comungado e isso aflora sentimentos inconscientes. Da mesma forma esses sentimentos podem emergir, quando o copo for visto fora da atmosfera ritual. Lembrando que tal comparação serve apenas como exemplo ilustrativo para uma maior compreensão da dinâmica simbólica de Edward Sapir.

Texto da tese de mestrado “OS TRAJETOS DO ÊXTASE DISSIDENTE NO FLUXO COGNITIVO ENTRE HOMENS, FOLHAS, ENCANTOS E CIPÓS: UMA ETNOGRAFIA AYAHUASQUEIRA NORDESTINA” de WAGNER LINS LIRA.



20 de jul. de 2011

Duas Lições Sobre o I Ching

Escrito por Aleister Crowley

Lição 1

O que é o I Ching? O título significa “O Livro das Mutações” e as primeiras informações que temos sobre ele é que é composto originalmente pelos Trigramas de Fu Xi, sendo criados por volta de 3322 a.C. Devemos aprender no devido tempo o que estes são, como toda a filosofia deve derivar da contemplação da origem das coisas. Toda filosofia sã deve começar com a concepção do Zero, pois se começarmos com qualquer outra concepção, temos uma condição desequilibrada, e, portanto, que não pode ser original. E então a questão que se repete é: “Como isso veio a ser?” Para nossos Irmãos chineses, com essa paixão irresistível pelo equilíbrio (que se manifesta em todos os mínimos detalhes de sua própria vida diária), tal consideração é evidentemente fundamental.

Na filosofia brâmane, os Rishis explicaram o Universo dizendo que Deus o criou. A pergunta surgiu imediatamente, “Quem criou Deus?” Para responder a isso, era necessário tornar Deus auto-suficiente. Portanto, eles começaram a analisar suas atribuições. No final, verificou-se que quaisquer atribuições positivas não apenas implicavam limitações, como também retornavam diretamente à massa original de ignorância. E consequentemente eles foram forçados a concluir negando todas as qualidades ou quantidades, seja quais forem, ao Deus supremo, Parabrahman. Em outras palavras, eles se viram obrigados a reduzir o seu Deus a Nada. Os chineses, sendo mais práticos, cortaram todo o desperdício de trabalho tendo começado com o “Nada” do “Grande Extremo”, que realmente podemos considerar como o equivalente do Tao. Nós representamos geometricamente este Tao por um ponto. Mas desde que este Tao não é apenas Nada mas também inexistente em relação a todos os outros predicados possíveis, verifica-se na análise que uma coisa que não é de modo algum nenhuma coisa pode muito bem ser considerada como algo. Se dissermos que nenhum ovo não está em um cesto, nós meramente inventamos um jeito complicado de dizer que alguns ovos estão no cesto. (Desenhar um diagrama de Euler para ilustrar isso.) [Nota de Frater S.R.: Não segue.]

Agora, no curso da análise hindu, enquanto eles estavam tentando determinar as qualidades de Deus, eles se depararam com um fenômeno que eles chamam de “os pares de opostos”. O mais importante é entender essa necessidade de pensamento: que a nossa tentativa de resolver o problema filosoficamente é completamente destruída logo que admitimos dois lados de uma equação que não se cancelam exatamente. Os chineses, ao perceber que o Tao (neste contexto o chamaram de Tai Ji) é tão puramente “Nada” que deve ser “Algo”; ou pelo menos capaz de apreensão simbolizando-no como “Algo”. Então eles tomaram um par de opostos original e chamaram a estes de “Yi” ou “Yao”. Estas linhas são chamadas, respectivamente, Yang e Yin; o Yang sendo uma linha contínua e o Yin uma linha dividida. Estes correspondem ao princípio masculino e feminino da natureza. Eles podem ser chamados de o Pai e a Mãe. Então o Tao simplesmente se divide em Tao e Te, Shiva e Shakti. Agora vemos quão impressionante é a identidade com a teologia hebraica em relação ao Tetragrammaton. (Eu tratei profundamente deste assunto em meu ensaio sobre o Tarô).

Temos então uma fórmula de geração e desenvolvimento por esta equação: 1=(-1)=0, ou melhor, 0=1=(-1).

Mas a fim de progredir a qualquer complexidade maior, não é o suficiente tomar duas coisas uma por vez; elas permanecem simplesmente duas. Devemos, portanto, tomá-las duas a duas. E assim alcançar o que os chineses chamam de Xiang. São eles:

  1. O grande ou velho Yang ⚌
  2. O jovem Yin ⚎
  3. O jovem Yang ⚍
  4. O grande ou velho Yin ⚏

Os filósofos chineses descobriram que essas quatro combinações ainda eram bastante inadequadas, talvez da mesma forma como é impossível fazer um quadrado mágico de quatro células, duas a duas. O grande Fu Xi, portanto, decidiu considerar as combinações de duas coisas tomadas três ao mesmo tempo, e assim definir as bases de todo o I por seu Gua, ou Trigamas. Estes são, é claro, em número de oito.

Lição 2

Neste ponto, a erudição não iniciada começou a causar problemas. As atribuições de Fu Xi não eram devidamente compreendidas, e em 1185 AC, ou por aí, o Rei Wen deu uma ordem e um conjunto de atribuições completamente diferentes para o Gua, que se mostrou bastante insatisfatória. Ele também erigiu um sistema comum de adivinhação, considerando a combinação de duas coisas tomadas seis de cada vez, e por sua vez colocando cada Trigrama sobre o topo de cada um dos demais. Assim, ele obteve as 64 figuras ou hexagramas do I Ching. Para cada Hexagrama ele forneceu um breve comentário chamado de Tuan. Seu filho, o Duque de Zhou, escreveu um comentário sobre cada linha individual de cada Hexagrama. O livro por esta altura havia se tornado bastante reverenciado pelos estudiosos em geral, mas sua capacidade não parece ter sido igual ao seu entusiasmo. Em particular, há uma série de comentários atribuídos a Confúcio, muitos deles sendo quase que certamente espúrios.

Todo este problema surgiu da incapacidade de manter a precisão matemática da concepção original. Os chineses têm sido sempre prejudicados pela ideografia de seu sistema; sua linguagem nunca progrediu além do estágio aglutinativo, e eles cultivaram uma tendência muito irritante de serem poéticos e pictóricos. O sistema do I, considerado corretamente, é extremamente simples e adequado, e revela-se, em exame, como sendo idêntico ao sistema da Santa Cabala.

Voltemos à consideração do Gua. Quatro destes mostram o ⚊ e suas modificações, quatro deles, o ⚋. Há uma espécie de hierarquia descendente, que inevitavelmente sugere as Sephiroth. O mais importante é verificarmos o equilíbrio das coisas a cada passo em nosso caminho. Sempre que alguma coisa perde o equilíbrio, torna-se imperfeita. O primeiro dos Trigramas, ☰, é a explicação perfeita da ideia masculina, sem qualquer partida da simplicidade, além da mera multiplicação do símbolo. Portanto é chamado de Qian, que é o Lingam do Céu. No outro extremo da escala está ☷, que é chamado de Ku, isto é, Yoni, ou Terra, e corresponde exatamente a Qian.

A primeira depreciação da perfeição da simplicidade masculina é a interferência equilibrada pelo ⚋ e assim obtemos o símbolo Li, ☲, significando o Sol e correspondente a Kan, ☵, que é a Lua. Estes também são chamados de Tai Yang e Tai Yin. O Sol e a Lua são, portanto, por assim dizer, representantes materialmente potentes das ideias puramente espirituais de Lingam e Yoni. Isso, de fato, dá a chave para o livro. O caractere chinês que significa I Ching é composto dos caracteres para o Sol e a Lua.

As mudanças descritas neste Livro das Mutações são alterações produzidas pela interação do Sol e da Lua. Todo fenômeno sendo um ato de amor sob vontade, podemos perceber como os chineses consideraram esta questão; tudo o que acontecia era o resultado de alguma interação dos princípios solar e lunar.

Existem, porém, mais quatro Kwa, mas estes não podem ser equilibrados como Lingam e Yoni, ou como o Sol e a Lua. Eles possuem uma mancha definitiva da imperfeição e correspondem precisamente aos “quatro elementos” da filosofia cabalística. Ao atribuir estes, somos auxiliados consideravelmente pelo efeito pictórico. O trigrama Sun ☴ sugere a atmosfera abaixo do abismo indissolúvel do Céu. Dui, Água ☱, sugere uma onda do abismo indissolúvel do fundo do mar. Zhen, Fogo ☳, sugere as chamas ascendentes tremulantes sobre a lareira. E Gen ☶, lembra-nos da crosta terrestre sobre o núcleo pastoso. Isso, é claro, é muito vago, mas é muito chinês. Felizmente, não somos inteiramente dependentes da tradição, porque quando viemos a colocar estas onze figuras sobre a Árvore da Vida, descobrimos não apenas um equilíbrio absoluto em si, mas uma perfeita correspondência com as atribuições tradicionais das Sephiroth. (Ver o diagrama)

[Diagrama relacionando os trigramas, o Tao e o Yin e Yang à Árvore da Vida]

Fonte

Traduzido por Frater S.R.

10 de jun. de 2011

Um Grande Dilema - a mais de trinta anos...






(Matéria da revista Planeta 97 - Outubro de 1980)


6 de jun. de 2011

Mente Expandida - A Abordagem Integral

Nos últimos trinta anos, testemunhamos uma novidade histórica; temos à nossa disposição todas as culturas do mundo. No passado, por exemplo, se alguém nascesse chinês, provavelmente passaria avida toda em sua cultura, quase sempre em uma só província, às vezes na mesma casa, vivendo, amando e morrendo no mesmo pedacinho de chão. mas hoje, além de termos mobilidade geográfica, podemos estudar, e estudamos, praticamente, todas as culturas no planeta. na aldeia global, todas as culturas estão expostas ás outras.
o conhecimento agora é global. isso significa que também pela primeira vez, a soam total dos conhecimentos humanos está ao nosso dispor - os conhecimentos, a expereiência, a sabedoria e a reflexão de todas as grandes civilizações humanas - pré modernas, modernas e pós modernas - estão abertos para quem quiser estudá-los.
E se literalmente, pegassemos tudo que todas as diversas culturas t~em para nos contar sobre o potencial humano - sobre o crescimento espiritual, pasicológico e social - e colocássemos isso tudo na mesa? E se tentassemos encontrar as chaves essenciais para crescimento humano, baseados na soma total de conhecimentos humanos aos quais agora temos acesso? e se tentássemos, baseados em profundos estudos transculturais usar todas as grandes culturas do mundo para criar um mapa composto, abrangente, inclusivo ou integrado com os melhores elementos de cada uma delas?
parece complicado, complexo, intimidador? De certa forma sim. mas por outro lado, acaba-se descobrindo que os resultados são curiosamente simples e elegantes. nas últimas décadas, na verdade buscou-se amplamente um mapa abrangente de potenciais humanos, que usasse todos so modelos e sistemas conhecidos de crescimento humano - dos antigos xamãs e sábios às modernas descobertas revolucionárias de ci~encia cognitiva - e distribuísse seus princípais componentes em cinco categorias simples - os elementos ou chaes essenciais para revelar e facilitar a evolução humana.

UM MAPA INTEGRADO OU ABRANGENTE


Quais são os cinco elementos? são denominados quadrantes, níveis, linhas, estados e tipos. Todos eles estão disponíveis em sua própria percepção. Não são meros conceitos teóricos, são aspectos de sua experi~encia, contornos de sua consciência, como você mesmo poderá verificar.
Qual o objetivo de se usar um mapa integrado. Primeiro ajudará no seu campo de trabalho e na vida pessoal. Um mapa integrado ajuda a garantir que você esteja "em contato com todas as bases". Uma abordagem integral garante que estaremos usando um amplo escopo de recursos para qualquer situação, com a máxima probabilidade de sucesso.
Segundo, aprendendo a localizar os cinco elementos em nossa percepção - e porque estão presentes em qualquer evento - então poderemos apreciá-los, exercitá-los, usá-los com maior facilidade..e assim acelerar bsstante nosso crescimento e desenvolvimento para atingirmos modos mais elevados, amplos e profundos do ser. A simples familiaridade com os cinco elementos no modelo integrado ajudaa nos orientarmos mais facimente e de uma maneira mais completa na excitante descoberta que é o despertar.
Resumindo, a Abordagem Integral nos ajuda a vermos nós mesmos e o mundo que nos cerca de modo mais eficaz e abrangente. Porém é importante entender uma coisa desde o princípio. O mapa integrado é apenas um mapa, não um território. Não devemos confundi-lo com um território e muito menos trabalharmos com um mapa impreciso e imperfeito. O mapa Integrado é apenas um mapa, mas é o que temos de mais completo até o momento.

O que é Um IOS?


IOS ( do inglês Integral Operating System) significa Sistema Operacional integrado. Em uma rede de informações, um sistema operacional é a infra-estrutura que permite o funcionamento de vários programas de softwarw. usamos o Sistema Operacional Integrado ou IOS como outro nome para o mapa integrado. A questão é que, você estiver uando qualquer software em sua vida - por exemplo - voc~e deseja o melhor sistema operacional possível, e o IOS atende a esses objetivos, tanto nos relacionamentos, como no trabalho, saúde ou como lidar com as finanaças. Ao fazer contato com todas as bases, ele permite o uso de programas mais eficazes. Trata-se apenas de outro modo defalr sobre a natureza abrangente e inclusiva de um modelo integrado.
Além disso, entenderemos o que é, talvez, o uso mais importante do mapa ou sistema operacional integrado. Porque um IOS pode ser usado para integrar qualquer atividade - da arte à dança, negócios, psicologia, política, ecologia, espiritualidade, ele permite que cada um desses domínios comunique-se com os outros. Ao usar o ISO, o mundo dos negócios tem uma terminologia necessária para se comunicar com a ecologia, a arte, o direito, a poesia, a educação, a medicina e a espiritualidade. na história da humanidade, isso nunca aconteceu antes.
Ao usar a abordagem integral - um mapa ou sistemas operacional integrados - conseguimos facilitar e acelerar dramaticamente os conhecimentos inter e multidisciplinares, criando assim a primeira comunidade de aprendizagem realmente integral no mundo. E no que diz à respeito a religião ea espiritualidade, o uso daabordagem integral permitiu a criação do Integral Spiritual Center, onde algum dos principais profesores espirituais do mundo, de todas as grandes religiões, reunem-se não só para ouvirem uns sos outros, mas para "ensinarem ao professores", resdultando em eventos didáticos mais extraordinários já iamginados.

ESTADOS DE CONSCIÊNCIA


Todos os aspectos dos cinco elementos do modelo integrado encontram-se disponíveis,neste omento em sua própria percepção. O que segue é, portanto, de certa forma, um passeio, com guia, por sua própria experiência. Alguns desses elementos se referem a realidades subjetivas nos indivíduos alguns a realidade objetiva no mundo externo e outros a realidades coletivas ou comunitárias compartilhadas com ouros indivíduos. Começaremos no que se refere a realidades subjetivas.
Os principais estados de consciência por exemplo, vígilia, sonho, e sono profundo são bastantes familiares a todos. nesse momento estamos despertos; talvez se, estiver cansado em devaneio. há diversos estados de consciência, entre os quias estados meditativos ( induzidos por ioga, preces comtemplativas, meditação etc..) estados alterados ( induzidos por drogas) e uma vaiedade de experiências "de pico", muito delas desencadeadas por atividades intensas como fazer amor, caminhar ao ar livre ou ouvir boa música.
As grande culturas tradicionais (como o misticismo cristão, o hinduísmo vedanta, p budidmo Vajrayana e acabala judaica) afirmam que os três estados naturais da consciência - de vigília, de sonho e sono profundo - na verdade contém um volume valioso de sabedoria e de despertar espirituais...se soubermos usá-los corretamente. Costumamos considerar o estado de sonho como menos real; porém, e se pudéssemos fazer a mesma coisa no sono profundo? Poderíamos aprender algo extraordinário? Como saber o certo o que experimentar? De certa forma especial, os três grandes estados naturais - de vigília, de sonho e de sono profundo = podem conter todo um aspecto de Iluminação espeiritual.
Mas num nível mais simples e mundano, todos vivenciam diversos estados de consciência, que, quasesempre, proporcionam profunda meditação significado e motivação no individuo e em outros. Em qualquer situação dada os estados de consciência não sejam muito importantes, ou talvez sejam o fator determinante, mas nenhuma abordagem integral pode-se dar o luxo de ignorá-los. Sempre que usamos o IOS, somosa automaticamente instigados a verificar e ser estamos em contato com essas realidades subjetivas importantes. Esse é um exemplo de como um mapa - nesse caso o IOS ou o mapa integrado - pode nos ajudar a procurar o território de cuja existência, talvez nem mesmo suspeitávamos...


ESTÁGIOS OU NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO


Há algo interessante sobre os estados de consciência: eles vão e vê. Até mesmo grandes experiências "de pico" ou estados alterados, por mais profundos, vêm, duram certo tempo e, depois, passam. Por mais maravilhosas que sejam suas capacidades, eles são temporários.
Enquanto os estados de consciência são temporários, os estágios de consci|ência são permanentes. Os estágios representam os verdadeiros marcos de crescimento e desenvolvimento. Depois que atinge determinado estágio, passa a ocorrer uma aquisiçao constante. Depois que se atinge um estágio de crescimenteo e desenvolvimento estavél pode-se ter acesso às suas capacidades - por exwmplo maior consciência, mais amor incondicional, vocações éticas mais elevadas, maior inteligência e percepção - praticamente a qualquermomento que se desejar. estados passageiros passam-se a características permanentes.

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