2 de jul. de 2010

Os vegetais alucinógenos que ocorrem no Brasil

O nosso país, principalmente através de sua imensa riqueza natural, tem várias plantas alucinógenas. Os mais conhecidos estão citados a seguir.

---Cogumelos
O uso de cogumelos ficou famoso no México, onde desde antes de Cristo já era usado pelos nativos daquela região. Ainda hoje, sabe-se que o "cogumelo sagrado" é usado por alguns pajés. Ele recebe o nome científico Psilocybe mexicana e dele pode ser extraído uma substância de poderosa alucinógena: a psilocibina. No Brasil ocorrem pelo menos duas espécies de cogumelos alucinógenos, em deles é o Psilocybe cubensis e o outro é espécie do gênero Paneoulus.


---Jurema
O vinho de Jurema, preparado à base de planta brasileira Mimosa hostilis, chamado popularmente de Jurema, é usado pelos remanescentes índios e caboclos do Brasil. Os efeitos do vinho são muito bem descritos por José de Alencar no romance Iracema. Além de conhecido pelo interior do Brasil, só é utilizado nas cidades em rituais de candomblé por ocasião de passagem de ano, por exemplo. A Jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos efeitos.


---Mescal ou Peyot
Trata-se de um cacto, também utilizado desde remotos tempos na América Central, em rituais religiosos. Trata-se de um cacto o qual produz a substância alucinógena mescalina. Não existe no Brasil.


---Caapi e Chacrona
São duas plantas alucinógenas que são utilizadas conjuntamente sob forma de uma bebida que é ingerida no ritual Santo Daime ou Culto da União Vegetal e várias outras seitas. Este ritual está bastante difundido no Brasil (existe nos Estados no Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, etc.) tendo o seu uso na nossa sociedade vindo dos índios da América do Sul. No Peru a bebida preparada com as duas plantas é chamada pelos índios quéchas de Ayahuasca que quer dizer "vinho da vida". As alucinações produzidas pela bebida são chamadas de mirações e os guias desta religião procuram "conduzi-las" para dimensões espirituais da vida.
Uma das substâncias sintetizadas pelas plantas é a DMT já comentada em relação à Jurema.

---Efeitos no cérebro
Já foi acentuado que os cogumelos e as plantas analisadas acima são alucinógenas, isto é, induzem alucinações e delírios. É interessante ressaltar que estes efeitos são muito maleáveis, isto é, dependem de várias condições, como sensibilidade e personalidade do indivíduo, expectativa que a pessoa tem sobre os efeitos, ambiente, presença de outras pessoas, etc., como a bebida do Santo Daime.
As reações psíquicas são ricas e variáveis. Às vezes são agradáveis ("boa viagem") e a pessoa se sente recompensada pelos sons incomuns, cores brilhantes e pelas alucinações. Em outras ocasiões os fenômenos mentais são de natureza desagradável, visões terrificantes, sensações de deformação do próprio corpo, certeza de morte iminente, etc. São as "más viagens".
"Tanto as "boas" como as "más" viagens podem ser conduzidas pelo ambiente, pelas preocupações anteriores (o experimentador costumaz sabe quando não está de "cabeça boa" para tomar o alucinógeno) ou por outra pessoa. Esse é o papel do "guia" ou "sacerdote" nos vários rituais religiosos folclóricos, que, juntamente com o ambiente do templo, os cânticos, etc., são capazes de conduzir os efeitos mentais para o fim desejado".

----Efeitos no resto do corpo
Os sintomas físicos são pouco salientes, pois são alucinógenos primários. Pode aparecer dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia e náuseas/vômitos, estes últimos mais comuns com a bebida do Santo Daime.

---Aspectos Gerais
Como ocorre com quase todas as substâncias alucinógenas, praticamente não há desenvolvimento de tolerância; também comumente não induzem dependência e não ocorre síndrome de abstinência com o cessar de uso. Assim, a repetição do uso dessas substâncias tem outras causas que não o evitar os sintomas de abstinência. Um dos problemas preocupantes com o uso desses alucinógenos é a possibilidade, felizmente rara, da pessoa ser tomada de um delírio persecutório, delírio de grandeza ou acesso de pânico e, em virtude disto, tomar atitudes prejudiciais a si e aos outros.

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